Localizada em um terreno em declíve acentuado, esta residência implanta-se paralelamente às cirvas de nível, dentro de uma área de reserva florestal em Campos do Jordão, São Paulo, e possui 50m2.
A vista para o vale está voltada para face sul e é totalmente aproveitada por grandes paineis de vidro que dão acesso ao deck. Na face norte a visão da rua fica protegida, com janelas baixas que permitem apenas a entradada luz solar para que o calor seja armazenado durante o dia de forma passiva, evitando o super aquecimento dos ambientes sem comprometer a privacidade do casal.
Com a proposta de uma construção sustentável e ecologicamente correta, o projeto incorpora materiais e técnicas construtivas que minimizam ao máximo o impacto ambiental da obra. Foram usadas estratégias projetuais pertinentes, como o aproveitamento de energia solar passiva nas aberturas,isolamento térmico entre as paredes (lã de rocha reciclada) e placas solares para o aquecimento da água (com sistema de gás integrado como apoio).
Concebida para um casal, sua planta se organiza de forma simples, em apenas um pavimento, onde o banheiro divide o dormitório do casal da sala de estar, que está integrada com a cozinha.
Estrutura
Foram usadas tábuas de pínus de reflorestamento tratado em autoclave no revestimento externo e placas de OSB como revestimento interno, inclusive no banheiro (impermeabilizado com uma membrana acrílica “Elastflex” que aceita a aplicação de qualquer revestimento, no caso, pastilhas de vidro). Na estrutura, foram usados pilares de eucalipto tratado, vigas de jatobá e garapeira, além de assoalho e deck de muiracatiara, provenientes de áreas de manejo sustentável. A cobertura é composta por telhas Onduline, com excelentes qualidades térmicas para região.
Para o contraventamento estrutural foram utilizados cabos de aço 3/8″ verticamente (face sul e face norte) e horizontalmente (logo abaixo do vigamento do piso, dando ao mesmo tempo segurança e flexibilidade para esta estrutura simples e leve. Esta opção de usar cabos de aço foi feita pois a casa está dentro de um parque de aventuras, onde cabos são usados para atividades de arvorismo e sempre são substituídos, nos dando a oportunidade de reutiliza-los.
As vigas principais da cobertura usam o sistema conhecido como “viga vagão” para conseguir vencer o vão de aproximadamente 7m sem a necessidade de um pilar central, deixando o espaço livre e garantindo que as vigas não sofram deformações. O sistema permite inclusive uma regulagem sempre que necessário, já que o tensionamento é feito por cabos de aço 5/16” com esticadores nas extremidades.
A inclinação dos pilares, que promove a sensação de amplitude no espaço interno, é possível devido aos conectores metálicos que os ligam às sapatas, isolando assim os pilares da umidade proveniente do solo.
95% da sobra de material foi utilizada, permitindo a composição da parede da cozinha (pedaços de cedrinho restantes do madeiramento da cobertura), bancada da cozinha e armário (antiga placa indicativa da fazenda onde se localiza a casa e restos de deck), bancada do banheiro (estruturados com sobra de caibros dos montantes das paredes) e acabamentos de pínus (sobra do revestimento externo) para o reservatório de água quente e fechamento da hidromassagem.